A Tecnologia avança, e este avanço provoca duas percepções diferentes. De um lado, é apaixonante a transformação em realidade de coisas que antes eram apenas sonhos ou ficção científica. Assista a um antigo episódio de “Os Jetsons”, e constate que vários dos “gadgets” usados pelos personagens são atualmente parte do nosso cotidiano. A outra percepção é de incerteza. Será que o trabalho será substituído pela tecnologia?
Esta não é uma questão nova, pois outras tecnologias alteraram a forma como as coisas eram feitas ao longo da história. Em cada momento há o temor de que as pessoas que ganhavam sua vida com atividades tornadas menos relevantes ou obsoletas percam seus empregos. No início do século 19, por exemplo, artesãos têxteis protestaram e destruíram máquinas da então nascente indústria têxtil, numa tentativa de frear a inovação.
Este é um tema de grande relevância e debate no mundo acadêmico atual. Será que o mercado de trabalho encontrará um novo ponto de equilíbrio, como tem ocorrido ao longo da história?
Nesta visão mais positiva, haveria uma grande adaptação em que trabalhadores migram de uma atividade para outra, como tem sido o caso ao longo da história. Por exemplo, a participação dos trabalhadores da agricultura no mercado de trabalho é muito menor do que era antes da revolução industrial. Embora muito importante e até mesmo dramática do ponto de vista individual, esta migração é a forma como a sociedade se adapta pouco a pouco, geração após geração, às mudanças pelas quais passamos.
Por outro lado, há quem entenda que a velocidade da inovação agora seria maior do que nunca, e portanto não haveria tempo para que as pessoas adquirissem novos conhecimentos e alterassem suas vidas profissionais. Há evidências neste sentido o tempo todo: em vários países temos simultaneamente uma taxa de desemprego relativamente alta, e grande dificuldade para encontrar profissionais habilitados para certas vagas.
Qual será a nossa realidade? “É muito difícil fazer previsões, especialmente sobre o futuro”. Esta citação é genial, e tem sido atribuída a muita gente diferente, e na verdade sua autoria não é conhecida. Não saber a autoria de uma simples frase que ficou conhecida é, em si, uma medida do pouco que sabemos, da incerteza que existe sobre o futuro ou até mesmo sobre o passado. Assim, como devemos nos posicionar em relação ao futuro?
Um ponto sobre o qual não deveria haver muita polêmica é a questão do aprendizado contínuo. “Lifelong learning”, ou a atitude permanente de aprender novas coisas, é algo que deve fazer parte do comportamento de qualquer pessoa. Faça você o exercício: liste as habilidades que você dominou e os conhecimentos que você adquiriu no último ano. Não precisa contar para ninguém, mas você tem orgulho da sua lista? Se você se comparar com sua versão de cinco ou dez anos atrás, há muita diferença? Esta é uma questão íntima, e colocar o aprendizado contínuo em marcha é tão simples de compreender quanto difícil de realizar. E eu não colocaria a responsabilidade por isso sobre terceiros: a escola, a empresa e o governo são sempre muito ocupados, e podem não trazer uma solução a tempo para você.
É muito difícil antecipar exatamente qual habilidade ou profissão terá maior chance de gerar trabalho e renda no futuro (e um futuro cada vez mais longo, aliás). Mas é possível refletir sobre quais tipos de atividade serão mais dificilmente substituídos pela tecnologia. Se consideramos os estudos de David Autor, professor do MIT, as atividades que não puderem ser substituídas facilmente por inovações como Inteligência Artificial, automação e robotização serão mais valorizadas. Estas atividades são as que se apoiam em habilidades humanas únicas, que segundo o pesquisador dividem-se em duas categorias, ou dois paradoxos.
A primeira categoria, ou Paradoxo de Polyani, pode ser sintetizada como “Sabemos mais do que somos capazes de exprimir”. Uma boa parte do nosso conhecimento é tácito e não pode ser transformado em instruções. Isso se relaciona aos problemas complexos, cuja solução depende de experiência, raciocínio indutivo e habilidades de comunicação. A segunda categoria, ou Paradoxo de Moravec, diz que “É comparativamente mais fácil fazer um computador ter um desempenho adulto em testes de inteligência ou em jogos de Damas do que fazê-los ter uma performance equivalente a uma criança de 1 ano em mobilidade ou percepção”. Está relacionada às interações interpessoais, a adaptabilidade situacional, enfim tudo aquilo que nos faz ser o que somos.
Os avanços tecnológicos em deep learning e em cloud robotics vão desafiar estes paradoxos ao longo do tempo, é claro, mas é possível intuir que tarefas não repetitivas, atividades que dependem de conhecimento tácito adquirido pela experiência acumulada, o trabalho criativo, decisões que dependem da leitura das condições imprevisíveis do ambiente, as ações de aconselhamento e curadoria, o trabalho colaborativo, tudo isso seguirá sendo relevante, único, raro e valorizado. Enfim, aquilo que definimos como trabalho intelectual.
Se você deseja desenvolver uma nova carreira potencialmente mais adaptada a este novo horizonte, fale conosco. A Zinneke está fundada no princípio de que as contribuições únicas das pessoas, através da disponibilização de conhecimento relevante às empresas, será ao mesmo tempo um desafio e uma oportunidade para este novo mercado de trabalho, qualquer seja a forma que ele tome.
___
Eduardo Rocha acha que ninguém sabe de verdade como será o futuro do trabalho, mas fundou a Zinneke para encontrar respostas em qualquer cenário. A solução deve passar por conexão, conhecimento, e novas formas de organizar a contribuição das pessoas.
#futurodotrabalho #tecnologia #conhecimento
Photo by Alex Knight on Unsplash. Thanks!
Avenida Antônio Artioli 570,
Swiss Park, FLIMS B1, Sala 107
13058-215 Campinas-SP Brasil