A trágica invasão da Ucrânia pela Rússia colocou em grande evidência o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Ele transformou-se em um símbolo da resistência do país invadido e tem sido percebido como exemplo de liderança.
Boa parte das reportagens a respeito dele destacam também o fato de que a presidência é seu primeiro cargo público, e que antes disso era ator, comediante, roteirista e diretor. Algumas destas reportagens dão este destaque (sobretudo para “comediante”) numa certa tentativa de caracterizá-lo como um presidente “amador”, como se houvesse uma formação “certa” para ser presidente. Se houvesse, qual seria? Mas eu gostaria de usar este dado biográfico do Zelensky para destacar como mudanças de carreira como a que ele fez trazem oportunidades muito interessantes.
Leio na sua biografia na Wikipedia que, antes de abraçar a carreira artística, Zelensky estudou advocacia, que ele nunca exerceu. É curioso, porque um político formado em direito chama tanto a atenção quanto um cachorro com quatro patas. Será que o estudante de direito foi anulado pelo artista? E o artista está sendo anulado pelo presidente? Acho que não. As três experiências compõem a pessoa, e na minha opinião permitem a criação de pontes de experiência e conhecimento.
Penso nisso há muitos anos. O Roberto, engenheiro químico como eu, decidiu deixar o típico trabalho de engenheiro que eu também exercia para fazer mestrado em Estatística. E, muito antes de 6-sigma e Data Science virarem mainstream, o Roberto consolidou-se como consultor em melhoria de processos com estatística. O trabalho de engenharia que nós fazíamos também estava associado à melhoria de processos, e até usávamos um pouco de estatística, mas me recordo perfeitamente que ele me contou que a dupla experiência permitia que ele enxergasse pontes entre as duas disciplinas. Ele era capaz, então, de fazer a conexão entre os dois mundos e explicar um mundo aos habitantes do outro. E também era capaz de enxergar oportunidades de evolução que só enxergava quem tinha vivido dos dois ”lados”.
Depois eu também tive a mesma percepção, pessoalmente, nas minhas migrações da área técnica para a gestão de pessoas, para o gerenciamento de fábricas, e muito especialmente, para a área de Supply Chain. Este último movimento aconteceu na crise do subprime, e as pontes que eu fui identificando me permitiram propor maneiras diferentes de gerenciar os efeitos daquela crise. E de outras crises que se seguiriam. A tal ponto que em menos de um ano eu já era convidado para palestrar, eu que esperava me sentir à vontade na nova profissão só muito mais tarde.
Eu nunca mais parei, virei um profissional generalista que busca aprender mais e mais. Ir a fundo nas coisas, junto com o que o Roberto me havia dito sobre pontes e locais inexplorados. Muito tem a ver com o aprendizado intenso e contínuo. Mas eu acho que a curiosidade é a fagulha inicial, que é muito mais ativa quando abraçamos uma nova profissão onde tudo nos parece diferente. Manter um olhar não viciado e curioso sobre tudo permite encontrar boas perguntas (muitas vezes, inéditas). E a busca de respostas para estas perguntas é o que faz a evolução.
Hoje coleciono casos de amigos criando estas pontes. Como o Pedro, que após a faculdade de odontologia estudou economia para virar o CFO mais espetacular, e agora é CEO. Como o João, que migrou da produção para supply chain e agora é cientista de dados. Como o Clóvis, que deixou a área industrial para ser PMO e agora vai se formar em medicina.
Sim, Zelensky cria pontes e enxerga necessidade de construí-las onde não existem. Posso imaginar que sua experiência como roteirista e diretor tenha sido útil para gerenciar melhor que Putin sua imagem internacional. Usar estas experiências múltiplas é importante numa guerra e em tempos de paz, que espero logo voltem para a Ucrânia.
A Zinneke pode ajudá-lo a ter acesso a profissionais que criaram estas pontes e beneficiar sua empresa com suas perspectivas únicas. Fale conosco.
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Eduardo Rocha é apaixonado por mudança, aprendizado e inovação. Fundou a Zinneke para criar tantas pontes quanto puder.
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